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David Rand
David Rand
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7 minutos de leitura

O novo unicórnio da TI

A transformação digital está gerando uma necessidade fundamental por líderes de TI que tenham empatia e sejam especialistas em estratégias de negócios e inovações tecnológicas.
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Duncan Macdonald não se considera apenas um profissional de tecnologia.

Na função de CIO da Sunrise UPC, gigante de telecomunicações suíça avaliada em US$ 12 bilhões, ele não vê seu papel como agente da inovação digital, mas como uma força que une líderes executivos e TI em torno de uma visão compartilhada de mudança.

“Mudar a cultura de negócios em prol de uma mentalidade colaborativa é o elemento fundamental de uma jornada de transformação digital bem-sucedida”, declara Duncan, que entrou em 2016 na Liberty Global, controladora da Sunrise UPC, após nove anos trabalhando em cargos técnicos na Virgin Media, sendo os três últimos no papel de CIO. “Embora a tecnologia e as metodologias adequadas sejam importantes, mudar corações e mentes em sua organização é o maior desafio. Como líder digital, sua visão [deve] definir o rumo para uma mudança de negócios significativa”. Duncan não é o único que pensa assim. Ele faz parte de uma nova geração de líderes em tecnologia que reconhecem o valor de entender as necessidades comerciais e alinhar tudo o que fazem e dizem para atendê-las.

“Mudar a cultura de negócios em prol de uma mentalidade colaborativa é o elemento fundamental de uma jornada de transformação digital bem-sucedida.”


De acordo com o novo relatório O Futuro da TI da Pegasystems (em inglês), a tecnologia digital continua evoluindo com tamanha voracidade que obriga uma mudança fundamental na forma como as empresas contratam e usam equipes técnicas. De fato, espera-se que o CIO de hoje reúna equipes para ajudar as empresas a entender as possibilidades da tecnologia e usá-las para obter vantagem competitiva.

Essa tendência já apresenta rápido crescimento e está provocando uma mudança profunda no mundo da tecnologia de informação. No relatório O Futuro da TI, por exemplo, 750 líderes de TI globais foram entrevistados para explicar como veem as mudanças nos seus cargos em meio à transformação digital e como elas foram aceleradas após a pandemia. Como era de se esperar, 38% disseram estar trabalhando em maior proximidade com outras funções das suas empresas, incluindo cargos executivos, do que há dois anos. Por outro lado, 68% disseram que a transformação digital afetou as estruturas departamentais de forma moderada ou significativa.

Isso também influencia na determinação das competências mais valorizadas. Os participantes da pesquisa esperam que habilidades práticas como programação e inserção de dados percam importância com a simplificação dos processos proporcionada pela inteligência artificial (IA) e pelos aplicativos low-code. Mais de 70% dos gerentes de nível sênior disseram que as carreiras em TI no futuro exigirão constantes reciclagens de conhecimento e treinamentos em tecnologias emergentes. Ao mesmo tempo, também será vital possuir habilidades interpessoais básicas, como liderança (38%), resolução de problemas (37%) e inteligência emocional (35%).

The future of work - Graphic

De acordo com Khalid Kark, diretor administrativo do programa de CIO da Delloite, encontrar novos “unicórnios” (pessoas com características raras) na TI não é uma tarefa fácil. As empresas travam disputas acirradas por talentos de alto nível e constatam que esses profissionais estão cada vez mais escassos. “É mais fácil contratar uma pessoa com habilidades mais humanas e ensinar a tecnologia do que ter um especialista que precisa de preparo para pensar de forma diferente”.

Khalid alerta que os profissionais de TI, contudo, não devem esperar que os empregadores forneçam proativamente todo o treinamento necessário para se manterem a par das novas exigências. Esses profissionais também precisam fazer sua parte. “Se eles entenderem quais são os novos requisitos e começarem a adotar as novas habilidades que serão mais importantes para os negócios, muitos conseguirão manter e até melhorar seus empregos”.

O presidente e CTO de uma seguradora, entrevistado na pesquisa O Futuro da TI, afirmou que sua empresa prefere encontrar talentos juniores com sólidas habilidades interpessoais e submetê-los a um treinamento intensivo de programação para apenderem as tecnologias que usarão no cargo. O CIO de outra empresa declarou não acreditar que todos os executivos de TI devam ser especialistas em tecnologia, já que grande parte do que eles fazem está relacionada a negócios.

“A capacidade de programar ou gerenciar infraestruturas está perdendo o valor”, complementa Don Schuerman, CTO da Pegasystems. “O que nunca perderá o valor é a capacidade de ouvir, demonstrar empatia e conseguir comunicar as conexões entre as unidades comerciais e o uso inovador da tecnologia”.

“O que nunca perderá o valor é a capacidade de ouvir, demonstrar empatia e conseguir comunicar as conexões entre as unidades comerciais e o uso inovador da tecnologia.”


Don Schuerman, CTO da Pegasystems

De acordo com a pesquisa, o próprio trabalho poderá se tornar ao mesmo tempo mais fácil e mais desafiador por causa da transformação digital. Com a automatização de tantos aspectos das tarefas técnicas e das tomadas de decisão, muitos empregos mais simples, repetitivos e desnecessariamente lentos desaparecerão. Conforme sugerem os resultados da pesquisa, isso permitirá que os líderes e outros profissionais de TI se concentrem em questões mais importantes e agreguem valor às suas organizações. De fato, 66% dos participantes acreditam que a transformação digital facilitará seus trabalhos e 57% afirmam que os tornará mais criativos e lhes permitirá tomar melhores decisões.

Entretanto, a pesquisa indica que todo esse progresso pode ter outro lado. Como todos sabem, quando avanços tecnológicos aumentam as oportunidades de trabalho, eles também aumentam o volume de trabalho. Cerca de 70% dos líderes de TI e 67% dos participantes disseram que a transformação digital aumentou sua carga de trabalho nos últimos dois anos. A velocidade da inovação de produtos e a pressão para acompanhar as mudanças também aumentaram, com mais da metade dos participantes em cargos de nível sênior dizendo que esperam lançar produtos com maior frequência.

“Se eu fizer um lançamento a cada três meses, precisarei desenvolver ótimos produtos e torcer pelo melhor”, comentou o CTO da seguradora. “Se eu conseguir fazer vários lançamentos por dia, posso criar pequenos produtos e ver o que acontece”.

A pesquisa ainda revelou que a maioria dos líderes de nível sênior não demonstra se importar com o ritmo acelerado e a maior carga de trabalho porque acredita que as vantagens para as organizações compensam o esforço adicional. Cerca de 70% deles, por exemplo, afirmam que sua função executiva ficou mais prazerosa por causa disso. Os líderes executivos, em particular, também têm maior probabilidade de se sentirem valorizados após a conclusão de projetos de transformação, segundo a pesquisa.

Ainda que os projetos de transformação digital estejam em desenvolvimento há vários anos e tenham conquistado mais importância recentemente por causa da pandemia, os participantes da pesquisa disseram que a jornada está longe do fim.

O líder em TI de um governo até declarou que essa jornada não tem fim, assim como seus efeitos.

“Quando ouvimos as pessoas falarem sobre transformação digital, parece que estão discutindo uma fase temporária, que terminará em breve. Mas tenho dificuldades em acreditar que isso possa acontecer”, comenta o participante. “Quando tudo estiver digitalizado, teremos que fazer atualizações sempre que forem lançadas novas versões dessas tecnologias e desses produtos e serviços. A tecnologia digital é um ciclo contínuo que faz parte do nosso dia a dia. Ela nunca terminará”.

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