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O segredo da TI para vencer no futuro: desenvolvedores cidadãos
As plataformas de low-code estão capacitando as empresas como nunca se viu.

Imagine que você quer construir um castelo de Lego, mas primeiro tem que projetar, moldar e testar cada peça do zero. Por décadas, a programação era isso: um processo árduo de criar aplicativos linha por linha durante semanas ou meses. Já seria um desafio e tanto mesmo que todo mundo soubesse programar com perfeição, mas essa expectativa é infundada pois somos todos humanos. Por isso, o processo sempre foi lento, com correções de bugs e até alguns recomeços.
Em 2021, temos à disposição todos os Legos com que sempre sonhamos. Agora temos a liberdade de criar qualquer aplicativo e torná-lo instantaneamente reutilizável e configurável. E o melhor de tudo é que podemos fazer isso em pouco tempo, graças ao low-code. As plataformas de low-code, com seu conjunto de ferramentas visuais de arrastar e soltar, não se limitam a permitir que os desenvolvedores abandonem a programação manual. Elas admitem que profissionais de outras áreas, os desenvolvedores cidadãos (ou citizen developers), possam criar os próprios aplicativos e automatizar fluxos de trabalho, como um contador que desenvolve um aplicativo de monitoramento de faturas ou um profissional de RH que cria um fluxo de onboarding.
Com o low-code, estamos prestes a embarcar em uma revolução na programação... sem programar. A Gartner prevê que, até 2024, 80% dos produtos e serviços em tecnologia (em inglês) serão desenvolvidos por profissionais de fora da área de TI. Essa é uma ótima notícia para as equipes de TI sobrecarregadas, pois a mudança de foco deixará que se concentrem em tarefas mais complexas e urgentes. Entretanto, para que os desenvolvedores cidadãos alcem voos maiores no futuro, as equipes de TI precisam ajudá-los hoje, oferecendo governança e segurança para proporcionar a viabilidade e a capacidade necessárias para a expansão dos seus produtos. Essas novas funções no setor de TI são essenciais para o futuro de todos os aplicativos desenvolvidos com esse modelo.
Essa ajuda pode parecer uma tarefa árdua em um primeiro momento, mas seus benefícios são indiscutíveis. O trabalho colaborativo é o melhor caminho para reinventar a TI do futuro, pois permite que os profissionais de tecnologia se tornem verdadeiros parceiros na conquista de importantes metas de negócios e na promoção de inovações.
Quase que da noite para o dia, a COVID-19 catapultou a transformação digital e a demanda por produtos e serviços digitais. Ao mesmo tempo em que a necessidade por software e aplicativos disparou, a disponibilidade de talentos de TI diminuiu.
De acordo com uma pesquisa da Internal, um em cada cinco CIOs culpa a pandemia pela escassez de desenvolvedores (em inglês). Ela também causou a maior escassez de profissionais qualificados de TI em 15 anos, com 69% dos empregadores tendo dificuldades para preencher vagas nesse setor.
Com isso, não é surpresa que a maioria das equipes de TI esteja no limite, lutando para atender à enorme demanda. Cerca de 66% dos projetos de software estão cronicamente atrasados (em inglês), e 62% das empresas relatam que os tickets de TI continuam se acumulando.
A realidade é que os profissionais de TI passam grande parte do tempo oferecendo suporte para operações antigas e resolvendo problemas, o que faz a defasagem técnica ficar ainda mais acentuada. Diante da concorrência de prazos e prioridades em diferentes projetos, eles se veem obrigados a ser mais reativos do que proativos. Um parceiro da Pega no setor de serviços financeiros relatou recentemente que 95% do orçamento de TI é usado “para manter o sistema em funcionamento”, deixando míseros 5% para inovação.

“Com isso, não é surpresa que a maioria das equipes de TI esteja no limite, lutando para atender à enorme demanda.”

O trabalho a dois na TI
Apesar da pronta disponibilidade e do custo cada vez menor das ferramentas de low-code (sem mencionar as grandes expectativas da Gartner), o movimento de desenvolvedores cidadãos ainda está rastejando.
O motivo? Uma pesquisa da TechRepublic revelou que quase metade (em inglês) das empresas adotou o low-code. “O Estado do Low-Code em 2021” relata que a grande maioria dos executivos conhece os benefícios potenciais do low-code, mas 60% afirmam que suas empresas não têm experiência (em inglês) para implementar essa estratégia.
Apesar de ser uma tendência incipiente, a adoção do low-code passou por um grande crescimento nos últimos anos, especialmente entre equipes profissionais de TI. Os desenvolvedores cidadãos representam apenas 6% do desenvolvimento atual de software, aplicativos e fluxos de trabalho, mas a taxa de adoção do low-code entre usuários comerciais está crescendo rapidamente. A facilidade de criar aplicativos fora do ambiente de TI é muito promissora, mas essa possibilidade pode causar situações indesejadas se as iniciativas de desenvolvimento originadas pelas unidades de negócios não forem executadas em colaboração com a TI.
As organizações de TI que já usam ferramentas de low-code podem oferecer orientação e supervisão para assegurar que os aplicativos e fluxos de trabalho inteligentes criados por desenvolvedores cidadãos sejam criados com recursos de reutilização, interoperabilidade e expansão em mente. Elas também podem proporcionar uma cadeia de propriedade se o desenvolvedor cidadão que criou o produto mudar de empresa, além de um caminho para transferir a responsabilidade dos aplicativos para a TI caso a complexidade ou a importância aumentem de modo considerável.
Inevitavelmente, será preciso um ajuste cultural para as equipes de TI se adaptarem a essa democratização do domínio de desenvolvedores. As organizações de TI estão ávidas por diminuir o acúmulo de trabalho, mas não estão preparadas para abrir mão de segurança, conformidade e manutenibilidade.
Por outro lado, à medida que os benefícios dos desenvolvedores cidadãos ficam mais claros, as atitudes dos líderes de TI começam a evoluir. De acordo com uma pesquisa, 92% dos profissionais de TI estão passando a se sentir mais à vontade com usuários comerciais de fora do seu setor desenvolvendo aplicativos e software com treinamento e supervisão adequados. Esse número tende a crescer com a adoção de recursos de segurança e outras práticas recomendadas na mesma plataforma usada para capacitar os desenvolvedores cidadãos, o que ajuda a eliminar os riscos.
No fim das contas, a democratização do desenvolvimento de aplicativos com low-code pode ser vantajosa para todas as partes. Com o crescimento acelerado da transformação digital, há um grande entusiasmo com a automação de fluxos de trabalho e a criação de aplicativos preparados para o futuro. Para colher esses benefícios, profissionais de TI e desenvolvedores cidadãos precisam trabalhar em conjunto.
E a maior conquista para as empresas talvez seja liberar as equipes de TI para desenvolver produtos e serviços que proporcionem uma vantagem competitiva no futuro. Vamos contar com a ajuda dos desenvolvedores cidadãos para “manter o sistema em funcionamento”. As equipes de TI têm batalhas mais duras pela frente.