

Caminhões de dados

Como a maioria das transportadoras, a Estes Express Lines está enfrentando uma escassez geral de motoristas. Esses profissionais que trabalham tão duro são cruciais para o ramo logístico e estão em falta no mercado. Em grande parte, isso se deve à pandemia: os consumidores se isolaram e passaram a comprar no e-commerce, forçando ao máximo a capacidade e a agilidade do setor de entregas. Afinal de contas, a realização de frete demanda muita mão de obra.
Mas a Estes, maior transportadora privada da América do Norte, encara essa dificuldade operacional colocando a eficiência e a satisfação de seus trabalhadores na palma da mão dos próprios. Com a tecnologia low-code, a Estes desenvolveu um aplicativo que ajuda seus 6.000 motoristas urbanos a coordenar retiradas tanto em domicílios quanto em empresas, assim como entregas em galpões e pátios – sempre com precisão cirúrgica.
“Se você quer resolver os problemas de capacidade operacional e escassez de motoristas, é necessário analisar a tecnologia que a equipe utiliza e saber do que eles precisam para fazer o trabalho”, afirma Todd Florence, diretor de TI da transportadora familiar com 91 anos de tradição. “Essas ferramentas são vistas como ativos ou passivos para o desempenho e satisfação geral com o emprego? Os aplicativos adequados, especialmente se forem adaptados a funções e necessidades específicas, podem fazer toda a diferença para os homens e mulheres atrás do volante”.

“É necessário analisar a tecnologia que a equipe utiliza e saber do que eles precisam para fazer o trabalho.”
O app da Estes é só uma das formas pelas quais a automação e a digitalização vêm alterando a logística da cadeia de fornecimento e aumentando a resistência às adversidades. Na realidade, cerca de 31% dos líderes de negócios e tecnologia entrevistados na pesquisa “O futuro das operações” da Pega acreditam que automatizar e digitalizar cadeias de fornecimento será uma das principais prioridades em tecnologia nos próximos três a cinco anos. Isso vai modificar a mão de obra e os fluxos de trabalho.
Por exemplo: os aplicativos para smartphone e tablet da Estes organizam as retiradas e também guiam os caminhoneiros pelos terminais e pátios da empresa com mais eficiência.
“Assim, conseguimos cotar e precificar a movimentação de frete com base no produto transportado, seja ele bolinhas de tênis de mesa ou esteiras de corrida, ou no local de retirada, que pode ser um domicílio ou uma indústria”, esclarece Florence.

“Conseguimos cotar e precificar a movimentação de frete com base no produto transportado, seja ele bolinhas de tênis de mesa ou esteiras de corrida.”
Os desenvolvedores cidadãos da Estes também usaram low-code para criar novos fluxos de trabalho para o processamento preciso de contas de clientes, assim como de reclamações ou contestações dos consumidores. Florence explica que todos os esforços em automação e digitalização são norteados pelos seis valores da empresa em relação à tecnologia, condensados no acrônimo TRUCKS (caminhões), cujas iniciais, em inglês, simbolizam: transparência, resposta imediata, compreensão, melhoria contínua, compartilhamento de conhecimentos e simplicidade.
“Criar um ambiente de operações com foco no cliente depende de dados, no fim das contas”, atesta Florence. “Como democratizar os dados? Como fazer com que as pessoas possam acessá-los em tempo real?”.
Oferecer aos clientes um serviço sem interrupções sempre foi o alicerce da missão da Estes, o que se torna evidente pelo uso da tecnologia de modo a aprimorar a experiência do consumidor. A Estes compartilha esses dados com seus clientes por APIs avançadas que oferecem toda a visibilidade possível de seus envios. Tudo isso se tornou decisivo, uma vez que os problemas nas cadeias de fornecimento resultaram em prateleiras vazias nos primeiros meses da pandemia e as empresas não puderam mais depender da fabricação e operação por demanda.
Os valores TRUCKS também elevam a satisfação de outra parte interessada: os caminhoneiros. Antigamente, eles dependiam de dispositivos fixos na cabine e ligações telefônicas para receber e gerenciar suas tarefas diárias. Os aplicativos recentes, de uso extremamente simples, são os prováveis responsáveis pela contínua expansão da Estes e por sua manutenção de uma força de trabalho funcional estável. “Os motoristas não são escriturários”, comenta Florence. “São motoristas porque querem dirigir. Queremos que a experiência deles seja a mais tranquila possível”.